sábado, 23 de maio de 2015

Como já dizia Renato, vamos celebrar a estupidez humana...

E viva a espontaneidade humana. Toda a sujeira que nos rodeia. Viva essa reprodutividade instantânea, a falta de empatia que já nasce no autômato pré-programado de hoje. Viva a estupidez daqueles que pensam saber demais, que querem ser mais, que buscam a mesma finalidade dos que os próprios recriminam: a fama. A fama pelo não dito, a fama pela selfie feita, a fama pelo texto recém escrito e incrivelmente pré-julgador, ou julgador mesmo. O ser humano vive naquela eterna chafurdaria de se achar melhor, de conhecer o outro pelo clichê, de marcar um povo inteiro pelo erro de uma única pessoa. Viva essa irracionalidade descompensada de sentir-se superior. Não é porque você fala francês, viu os filmes do Godard e reconhece a obra de Picasso que você é melhor que aquele que levanta às 4h da manhã para ganhar um salário e sustentar 7 bocas. Você que pensa ser melhor se engana, você distorce a si mesmo e seu discurso de igualdade, de crescimento e de globalização. A que preço você perdeu sua essência para tornar-se mais um propagador das mazelas que você mesmo criou?

sábado, 18 de abril de 2015


MEGALOMANÍACO
Ele sempre fala demais. Pensa demais. Enxerga demais. Ele é demais entre os demais que o cercam. Não que isso seja um problema. Contudo não é uma solução. Seus tiques o definem. O jeito como pisca os olhos, ou aperta os dedos da mão. Não existe imobilidade em sua vida. Às vezes me pergunto: O que será que se passa nessa cabeça?
Momentaneamente penso que ele quer matar a todos. Outras vezes não sei se ele quer estar vivo ou prefere estar morto. Mas sempre vejo aqueles olhos que não param. Será que ele é observador ou apenas maquina diferentes formas de matar alguém?
O jeito como segura a cabeça com a mão esquerda dá a impressão de uma estátua pensante, entretanto seus olhos causam aflição, a falta de moderação reflete o olhar de alguém megalomaníaco.
Não se espante se um dia seu rosto estampar a seção policial do jornal. Ele não está aqui para brincadeiras. Engana-se quem pensa que ele é um rapaz inocente e trabalhador. Essa imagem entorpece apenas o leitor menos ávido a descobrir nas entrelinhas a personalidade desse cara. Para entendê-lo faz-se necessário ir mais fundo. É preciso buscar dentro de seu inconsciente, seu verdadeiro ser. Por baixo de toda aquela delicadeza existe um animal feroz, que é capaz de todo tipo de atrocidade. Seu desejo real não é passar conhecimento é desconcertar o perfil sociológico de cada um que o cerca.
Quer dizer que mesmo enganando ele ainda não sabe qual é sua verdadeira essência. Ser maléfico parece superficial, ele quer mesmo é ser atroz. Aí você me pergunta, por que você diz isso dele? Ele é tão simpático!
Por que digo isso? É muito simples; um megalomaníaco reconhece o outro.

Março de 2015.
Ao mestre
Ser professor é desafiador. É não ter medo do desconhecido, do perigo. É ser intimidante e intimidado. Não se assustar com um pequeno obstáculo. É tornar-se um exemplo. É mostrar a seus alunos que a vida não se resume nos livros.
Ser professor não é para os fracos. É estar preparado para questões difíceis. É saber mostrar interesse até mesmo para o elo mais fraco da sala. É inspirar novos planos. É dizer o que os outros não têm coragem.
Ser professor é muito mais do que uma simples profissão. É uma escolha difícil, nem sempre gratificante. São noites insones, pesquisas inacabadas, projetos desfeitos. São sonhos às vezes perdidos, vitórias ganhas na garra e perdas nem sempre queridas.
Ser professor é ser exemplo, amigo, psicólogo, poeta, instrutor, irmão, família, apoio, impulso, esquecimento, desilusão, inspiração, piada, contador de suas próprias histórias, chato, divertido, engraçado, enfadonho, lesado, burro, bruto, inteligente, pedante, perdedor e muitas outras coisas.

Professor é e sempre será o motivo pelo qual seguimos em frente. Afinal são eles que nos levam onde estamos agora. Mesmo sem perceber são eles que nos ensinam a sonhar e a perceber que a vida sempre pode nos oferecer o melhor. Basta apenas nós aprendermos a enxergar nosso próprio potencial.
Açucena
Porque nasci sem querer
sem ao menos saber
que a beleza está onde menos se espera.

Você que sangrou no sertão
fez crescer no coração
uma alegria sincera.

Vermelha é a cor
vermelha é a dor
vermelho é o amor.

Jovem donzela não chore
que a felicidade floresce
e não me espere
porque sem querer eu nasci e
sem querer morrerei.


Para Gabriela uma flor que não é do sertão, mas que floresce nessas simples palavras.