sábado, 18 de abril de 2015


MEGALOMANÍACO
Ele sempre fala demais. Pensa demais. Enxerga demais. Ele é demais entre os demais que o cercam. Não que isso seja um problema. Contudo não é uma solução. Seus tiques o definem. O jeito como pisca os olhos, ou aperta os dedos da mão. Não existe imobilidade em sua vida. Às vezes me pergunto: O que será que se passa nessa cabeça?
Momentaneamente penso que ele quer matar a todos. Outras vezes não sei se ele quer estar vivo ou prefere estar morto. Mas sempre vejo aqueles olhos que não param. Será que ele é observador ou apenas maquina diferentes formas de matar alguém?
O jeito como segura a cabeça com a mão esquerda dá a impressão de uma estátua pensante, entretanto seus olhos causam aflição, a falta de moderação reflete o olhar de alguém megalomaníaco.
Não se espante se um dia seu rosto estampar a seção policial do jornal. Ele não está aqui para brincadeiras. Engana-se quem pensa que ele é um rapaz inocente e trabalhador. Essa imagem entorpece apenas o leitor menos ávido a descobrir nas entrelinhas a personalidade desse cara. Para entendê-lo faz-se necessário ir mais fundo. É preciso buscar dentro de seu inconsciente, seu verdadeiro ser. Por baixo de toda aquela delicadeza existe um animal feroz, que é capaz de todo tipo de atrocidade. Seu desejo real não é passar conhecimento é desconcertar o perfil sociológico de cada um que o cerca.
Quer dizer que mesmo enganando ele ainda não sabe qual é sua verdadeira essência. Ser maléfico parece superficial, ele quer mesmo é ser atroz. Aí você me pergunta, por que você diz isso dele? Ele é tão simpático!
Por que digo isso? É muito simples; um megalomaníaco reconhece o outro.

Março de 2015.

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